Desenvolvimento Moral

Lawrence Kohlberg foi um psicólogo estadunidense nascido em 1927. Influenciado pela teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget, especializou-se na investigação sobre educação e argumentação moral, sendo mais conhecido pela sua teoria dos níveis de desenvolvimento moral. 
Kohlberg investigou o desenvolvimento do raciocínio moral, com base em dilemas. O mais famoso é o dilema de Heinze.

PARTE I
Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro. Um medicamento descoberto recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-lhe a vida. A descoberta desse medicamento tinha custado muito dinheiro ao farmacêutico, que agora pedia dez vezes mais por uma pequena porção desse remédio. Henrique (Heinz), o marido da mulher que estava a morrer, foi ter com as pessoas suas conhecidas para lhe emprestarem o dinheiro pedido pelo farmacêutico. Foi ter, então com ele, contou-lhe que a sua mulher estava a morrer e pediu-lhe para o deixar levar o medicamento mais barato. Em alternativa, pediu-lhe para o deixar levar o medicamento, pagando mais tarde a metade do dinheiro que ainda lhe faltava. O farmacêutico respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria ganhar dinheiro com a sua descoberta. O Henrique, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o medicamento, ficou desesperado e estava a pensar assaltar a farmácia e roubar o medicamento para a sua mulher. Deve Heinz assaltar a farmácia para roubar o medicamento para salvar a sua mulher? E deveria Heinz assaltar a farmácia para roubar o medicamento para salvar a vida de um desconhecido? 
PARTE II
Supondo que Heinz assaltava a Farmácia. A notícia do roubo aparecia no jornal. Brown, um polícia que conhecia Heinz, leu a noticia e lembrou-se de o ter visto a sair correndo da tal Farmácia. Como era amigo de Heinz, e conhecendo o seu caso, perguntou a si mesmo se deveria denunciá-lo. Deve o polícia acusar o Heinz de roubo? E se o fizer, deve ser ele a prendê-lo?
PARTE III
Supondo que Brown prendia Heinz, este é levado a tribunal e compete agora ao Juiz determinar qual a sua sentença. Deve o Juiz condenar Heinz ou suspender a pena e libertá-lo?

Questões Gerais:

Que faríamos no lugar de Heinz, do Policia e do Juiz?

Que valores estão em conflito neste dilema?


Com base nestas questões e dilemas, Kohlberg postulou 3 níveis de raciocínio moral cada um deles subdivididos em 2 estádios, perfazendo um total de 6 estádios.

Nível 1: Moralidade Pré-Convencional
Neste nível, o indivíduo raciocina em relação a si mesmo e ainda não compreendeu ou integrou totalmente as regras e expectativas sociais.

1- Estádio do castigo e da obediência:
Evitar infringir regras que acarretem punições, obediência em si mesma, evitar danos físicos a pessoas e bens.

2- Estádio do objectivo instrumental individual e da troca:
Seguir as regras apenas quando se trata do interesse imediato de alguém; agir por forma a satisfazer os próprios interesses ou necessidades e deixar os outros fazerem o mesmo.

Nível 2: Moralidade Convencional
Neste nível o indivíduo considera correcto aquilo que está conforme e que respeita as regras, as expectativas e as convenções da sociedade.

3- Estádio das expectativas interpessoais mútuas, dos relacionamentos e da conformidade:
Corresponder às expectativas das pessoas mais próximas ou àquilo que as pessoas geralmente esperam dos indivíduos na nossa posição. “Ser bom” é importante e significa ter boas intenções, mostrar interesse pelos outros e estabelecer relações recíprocas como a confiança, a lealdade, o respeito e a gratidão.

4- Estádio da preservação do sistema social e da consciência:
Cumprir os deveres com os quais concordámos. As leis são para ser cumpridas, excepto em casos extremos, em que entrem em conflito com outros deveres sociais estabelecidos.

Nível 3: Moralidade Pós-Convencional
Um indivíduo situado neste nível compreende e aceita as regras da sociedade na sua globalidade, mas apenas porque primeiramente aceita determinados princípios morais gerais que lhes estão subjacentes. No caso de um desses princípios entrar em conflito com as regras da sociedade, o indivíduo julgará com base nesse princípio e não na convenção social.

5- Estádio dos direitos originários, do contrato social ou da utilidade:
Ter consciência de que as pessoas defendem diferentes valores e opiniões, de que grande parte dos valores e das regras são específicos de determinado grupo embora devam ser normalmente respeitados a fim de se garantir a imparcialidade ou isenção, até porque fazem parte do contrato social. Determinados valores e direitos não específicos como a vida e a liberdade, porém, têm de ser forçosamente defendidos em qualquer sociedade, independentemente da opinião da maioria.

6- Estádio dos princípios éticos universais:
Seguir princípios éticos por nós escolhidos. As leis particulares ou os acordos sociais são normalmente válidos porque se baseiam nesses princípios. Quando as leis violam esses princípios, agimos de acordo com o princípio. Os princípios são premissas universais de justiça: igualdade dos direitos humanos e igualdade do ser humano enquanto indivíduo. Poucos homens atingem este estádio, sendo Gandhi e Jesus da Nazaré dois grandes exemplos.

Desenvolvimento Psicossocial

Erikson dá especial importância ao período da adolescência, devido ao facto de ser a 
transição entre a infância e a idade adulta, verificando-se acontecimentos relevantes para a 
personalidade adulta, logo, a tarefa fundamental é a construção da identidade pessoal.

Erikson, apesar de díscipulo de Freud, discorda deste em 4 aspectos:
- Valorização exagerada da energia libidinal como chave explicativa do desenvolvimento;
- Redução do desenvolvimento aos períodos que decorrem da infância à adolescência;
- Subestimação das interacções indivíduo-meio;
- Privilégio concedido à vertente patológica da personalidade.

Erikson divide-o em oito estádios:

1. Confiança vs Desconfiança (0-18 meses de vida)
- A criança adquire ou não uma segurança e confiança em relação a si próprio e em 
relação ao mundo que a rodeia, através da relação que tem com a mãe.
*virtudes básicas são: esperança e impulso.

2. Autonomia vs Vergonha e Dúvida (18 meses-3 anos de vida)
- Contradição entre a vontade própria (os impulsos) e as normas e regras sociais que a 
criança tem que começar a integrar. É altura de explorar o mundo e o seu corpo.
- As crianças ainda sentem a necessidade de protecção, mas simultaneamente, gostam 
de experimentar.
- O meio deve estimular a criança para fazer as coisas de forma autónoma.
- Os pais devem dosear de forma equilibrada a assistência às crianças, o que vai 
contribuir para elas terem força de vontade de fazer melhor.
- A criança precisa de poder experimentar e de se sentir protegida no processo de 
autonomização.
*virtudes básicas são: força de vontade e autocontrolo.

3. Iniciativa vs Culpa (3-6 anos de vida) 
- A criança já deve ter capacidade de distinguir entre o que pode fazer e o que não pode 
fazer.
- A criança tem uma preocupação com a aceitabilidade dos seus comportamentos, 
desenvolve capacidades motoras, de linguagem, pensamento, imaginação e 
curiosidade.
- Deve-se estimular a criança no sentido de que pode ser aquilo que imagina ser, sem 
sentir culpa.
* virtudes básicas são: tenacidade, o propósito e direcção.

4. Indústria vs Inferioridade (6-12 anos de vida)
- Sonha com o sucesso, desenvolvendo esquemas cognitivos para se tornar excelente 
nas tarefas desempenhadas.
- O versus negativo é o sentimento de inferioridade e de inadequação que lhe advém de
não se sentir segura nas suas capacidades ou de não se sentir reconhecida nem segura 
no seu papel no grupo social a que pertence.
*virtudes básicas são: competência/capacidade e método.

5. Identidade vs Confusão de identidade (12-18/20 anos de vida)
12-18/20 anos de vida
- O adolescente precisa de entender o seu papel no mundo e tem consciência da sua 
singularidade.
- O versus negativo refere os aspectos de confusão de quem ainda não se encontro a si
próprio, não sabe o que quer e tem dificuldade em fazer opções.
*virtudes básicas são: fidelidade (lealdade para consigo próprio) e a devoção.

6. Intimidade vs Isolamento (18/20 aos 30/35 anos)
- Estabelecimento de relações íntimas duráveis com outras pessoasc. A intimidade requer que o sentimento de identidade pessoal facilite o relacionamento 
com outrem numa base de compromissos, alteração de hábitos e, mesmo, de 
aceitação de sacrifícios
- A vertente negativa é o isolamento, pela parte dos que não conseguem estabelecer 
compromissos nem troca de afectos com intimidade nas relações privilegiadas
*As virtudes básicas são: amor e filiação

7. Generatividade vs Estagnação (30/35 aos 60 anos de vida) 
- Generatividade – Comprometimento do adulto em relação ao futuro e à nova 
geração. A afirmação pessoal do adulto é desenvolvida através das preocupações com 
os jovens, o seu bem-estar e o desejo de contribuir para um mundo melhor
- É a fase de afirmação pessoal no mundo do trabalho e da família e de 
desenvolvimento das potencialidades do ego
- Existe a preocupação com as gerações vindouras, produção de ideias, obras de arte, 
participação política e cultural, educação e criação dos filhos
- A vertente positiva é o sentimento de que se tem coisas interessantes a passar às 
gerações vindouras
- A vertente negativa é a centração nos seus interesses próprios e superficiais
*virtudes básicas: cuidado, ajuda aos outros e produção

8. Integridade vs Desespero (A partir dos 60 anos)
- A pessoa empenha-se em reflectir, fazendo um balanço da sua vida
- Integridade – Balanço positivo do seu percurso vital, mesmo que nem todos os sonhos 
e desejos se tenham realizado e esta satisfação prepara para aceitar a idade e as suas 
consequências
- Desespero – Sentimento nutrido por aqueles que considerem a sua vida mal sucedida, 
pouco produtiva e realizadora, que lamentem as oportunidades perdidas e sentem ser 
já demasiado tarde para se reconciliarem consigo mesmo e corrigir os erros 
anteriores.

Intervenção Precoce


O que é a Intervenção Precoce?

A Intervenção Precoce destina-se a crianças até à idade escolar que estejam em risco de atraso de desenvolvimento ou necessidades educativas especiais. A Intervenção Precoce pode ter uma natureza preventiva secundária ou primária: procurando contrariar a manifestação de problemas de desenvolvimento ou prevenindo a sua ocorrência, estes devem, sempre que possível, decorrer no meio ambiente onde vive a criança.

Porquê intervir precocemente?

Existem três razões fundamentais:
- Quanto mais cedo se iniciar a intervenção maior é o potencial de desenvolvimento de cada criança;
- Para proporcionar apoio e assistência à família nos momentos mais críticos;
- Para maximizar os benefícios sociais da criança e família

A investigação nesta área já demonstrou que grande parte das aprendizagens e do desenvolvimento ocorre mais rapidamente na idade pré-escolar. As famílias destas crianças geralmente vivem sentimentos de decepção, isolamento social, stress, frustração e desespero.   A Intervenção Precoce deve também resultar no desenvolvimento das atitudes parentais relativamente a eles próprios e ao seu filho. Deve proporcionar mais informação e melhores competências para lidar com a sua criança, e incentivar a libertação de algum tempo para o descanso e lazer.

A Intervenção Precoce é eficaz?

Cerca de cinquenta anos de investigação nesta área permitiram obter informação quantitativa e qualitativa que demonstra que a Intervenção Precoce proporciona ganhos, ao nível do desenvolvimento e educação das crianças que dela beneficiam, melhora o nível de funcionamento da família e produz benefícios económicos e sociais a longo prazo.

Para a sua eficácia é essencial:
- A idade da criança à data do início da intervenção;
- O envolvimento dos pais;
- A intensidade e/ou estruturação do modelo do programa de Intervenção Precoce adoptado.

Resultados da aplicação do programa:

- No Jardim Infantil – aumento nos valores do QI;

- Na Escola Primária – melhor adequação ao ensino e aumento do sucesso académico;

- Na Adolescência – menos delinquência, mais diplomas de ensino secundário e maior taxa de emprego após a escolaridade secundária.

Conclusões

- Eficácia surpreendente a longo prazo. 
- Pode mudar as vidas das crianças de níveis socioeconómicos mais desfavorecidos, de alto risco em termos educativos e das suas famílias

Experiência Precoce


Como a própria palavra indica é uma experiência “antes do tempo”, isto é, na área da educação a experiência precoce define-se quando é dado um certo estímulo à criança logo muito cedo, algumas horas após o nascimento, por exemplo. 
Tudo o que seja experiências realizadas logo muito cedo, nas primeiras horas ou dias, são considerados experiências precoces. Um dos autores que escreveu sobre ela foi Freud, este destacava que as experiências vividas na infância eram determinantes no desenvolvimento da personalidade.
No início, quando se começou a falar em experiência precoce argumentou-se que esta só podia “ estimular o desenvolvimento emocional em desfavor do desenvolvimento intelectual”, muito recentemente, foi então aceite a ideia de quo o desenvolvimento precoce tem bastante importância no desenvolvimento intelectual.

Períodos Críticos 

Os períodos críticos são caracterizados por momentos específicos da vida do bebé, onde é “aproveitado” para se fazer modificações que, futuramente irão ter repercussões na vida da criança, nem devem ser feitas demasiado cedo, nem tarde, o período crítico é o momento exato. A criança tem que ser “treinada” na altura certa, para podermos ”tirar proveito” do período crítico, se for cedo de mais ou então tarde de mais a criança pode sofrer problemas ou prejuízos.

Daqui em diante abordaremos alguns estudos e experiências (De autores de renome a este nível) relacionadas com o conteúdo.

Comecemos por abordar os estudos de Nancy Bayley referentes ao crescimento e desenvolvimento humano:
Nancy Bayley estudou o crescimento e desenvolvimento humano, tendo retirado desses estudos as seguintes conclusões:
- Os QIs não são constantes, existe uma variação considerável do QI ao longo do tempo;

- A variabilidade do QI é maior durante os primeiros anos de vida e a estabilidade do QI é proporcional à idade;

- A capacidade intelectual pode crescer durante toda a vida;

Curva do crescimento intelectual de Benjamin

Benjamin Bloom analisou, classificou e examinou todos os estudos sobre o crescimento intelectual, o que o levou a traçar uma curva de crescimento com aceleração negativa para o desenvolvimento intelectual.
Com o aumento da idade, verifica-se um decréscimo do efeito positivo que um ambiente apropriado tem na criança, defendendo que a experiência precoce benéfica é essencial para o desenvolvimento cognitivo.
Cerca dois terços da nossa capacidade cognitiva máxima está formada aos seis anos (idade com que se entra para a escola). Na altura em que a educação formal se inicia, o potencial da criança para um desenvolvimento intelectual posterior tende a abrandar. Assim, revela-se necessária uma intervenção ainda mais precoce.
Bloom concluiu que a falta de um meio ambiente enriquecedor impede o desenvolvimento intelectual da criança, mas inclui também a perda desse tempo precioso como prejudicial, visto que não existe forma de a compensar num estado mais avançado.
Desta forma, criou uma divisão de objectivos educacionais em três partes:
1. Cognitiva: objetivos que enfatizam relembrar ou reproduzir algo que foi aprendido, ou que envolvem a resolução de alguma atividade intelectual para a qual o indivíduo tem que determinar o problema essencial, então reorganizar o material ou combinar ideias, métodos ou procedimentos previamente aprendidos.
2. Afetiva: objetivos que enfatizam o sentimento, emoção ou grau de aceitação ou rejeição. Tais objetivos são expressos como interesses, atitudes ou valores.
3. Psicomotora: objetivos que enfatizam alguma habilidade muscular ou motora.

Sigmund Freud

À semelhança de Piaget, Freud também era da opinião de que a criança atravessa diferentes estágios de desenvolvimento. Mas os estágios psicanalíticos não se referem à qualidade do raciocínio mas sim ás zonas corporais onde são encontradas as fontes primárias de prazer.

Durante a infância, a área ao redor da boca e as actividades da alimentação proporcionam um enorme prazer a o bebé. Daí o nome estágio oral.

No decorrer do segundo e terceiro anos de vida, a região anal e as actividades envolvidas na defecação passam prazerosas. A criança experimenta agora uma grande satisfação através da estimulação da área do recto, em consequência das suas próprias actividades eliminatórias, e do tacto, banho e odor na região anal e dos seus produtos. Daí o nome de estágio anal.

Durante os anos pré-escolares, são os genitais que passam a ser considerados como fonte básica de prazer; o nome dai resultante é estágio fálico. Nessa época a criança inicia o seu processo de identificação com o pai do mesmo sexo, devido ao complexo de Édipo. Freud acreditava que a criança, no estágio fálico, tem desejos fantasiosos de afeição sexual pelo pai de sexo oposto. Inconscientemente, a criança tem medo de que o pai do mesmo sexo que o seu venha a saber de seus desejos e fique chateado com ela. A fim de reduzir a ansiedade de possível punição do pai de mesmo sexo a criança defende-se identificando-se com este; um processo similar ocorre com um adulto que se afilia ao grupo que o domina. A identificação da criança fá-la adoptar os valores do pai de mesmo sexo. Dado que a maior parte desses valores são do tipo “permitido - proibido”, pela sociedade, nasce o superego infantil. Devido ao facto de que a força do superego da criança influirá nos tipos de sintomas que mais tarde ela desenvolverá, se este for o caso, a complexidade do complexo de Édipo será um determinante fundamental da personalidade adulta.

A quarta etapa definida por Freud designa-se de “Estádio de Latência”. Este estado ocorre dos 5/6 anos até a puberdade.
Neste estádio, os desejos sexuais são praticamente inexistentes. Freud defendia que esta ausência de desejo sexual se deve sobretudo á amnésia infantil. A criança canaliza a libido para outros fins com o principal objectivo de adquirir competências para a vida.
É nesta etapa definida por Freud que a criança “troca” o desejo sexual pelo interesse intelectual, isto é, a criança dá muito mais valor a escola, á família, á exploração do mundo que a rodeia. O autor da psicanalise defende que nesta fase, as três instâncias (id, ego e superego) estão perfeitamente organizadas, e que a estrutura da personalidade se encontra completamente organizada.

Por ultimo, na adolescência são os objectos do amor que são estimulados; daí o nome, estágio genital. A criança torna-se fixada, isto é resiste a passar para o próximo estágio. A fixação pode ocorrer nos estágios em que a criança, ou obtém excessiva satisfação de desejos ou recebe quase nenhuma gratificação, em determinado estágio do seu desenvolvimento.

Freud tornou a criança completamente passiva e desamparada, enquanto que Piaget nunca sugeriu que a criança não poderia passar do estágio sensório-motor para o das operações concretas, ou deste para o lógico formal.
Não existe o conceito de fixação na teoria de Piaget, uma vez que este considera a criança como em constante crescimento. Em contraposição Freud entendia que experiências ambientais desfavoráveis poderiam impedir a criança de fazer novos progressos em direcção à maturidade emocional. Supõem-se que a fixação em cada um dos estádios tenha implicações diferentes na personalidade adulta. Foi uma sugestão audaciosa a de que prazer insuficiente ou excessivo, durante o estádio oral poderia ter efeitos indeléveis na criança, e provocar a formação no adulto de sintomas tais como o alcoolismo, a depressão e o pessimismo ou o optimismo excessivo. A fixação anal, conduz presumivelmente À avareza, ou compulsão, agressão e resistência passiva. A pompa, o narcisismo e o gabar-se em excesso derivam de ma fixação no estágio fálico.

Estágios do Desenvolvimento Cognitivo


Jean Piaget foi um epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Ao longo da sua vida estudou o desenvolvimento cognitivo da criança concluindo que a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo, por estádios ou etapas constantes e sequenciais, ou seja, de ordem invariável. 

Os estágios de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget, dividem-se em:

1. Sensório-motor (0-2 anos);
O bebé começa a construir esquemas de acção para assimilar mentalmente o meio a partir de reflexos neurológicos básicos. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela acção.

2. Pré-operatório (2-7 anos);
A criança deste estágio: 
É egocêntrica não se conseguindo colocar abstractamente na posição do outro. Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação.

3. Período das operações concretas (7-11 anos);
A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e casualidade. É capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstracção.

4. Período das Operações formais (12 anos em diante);
A representação agora permite a abstracção total. A criança já não se limita à representação imediata nem apenas às relações previamente existentes, sendo capaz de pensar em todas as relações possíveis, procurando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.



Assimilação e Acomodação 

Assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um novo dado perceptual, motor ou conceptual nas estruturas cognitivas prévias.
Quando a criança tem novas experiencias, ela tenta adaptar esses novos estímulos as estruturas cognitivas que já possui. A criança tenta sempre, inconscientemente associar os novos estímulos aqueles que possui até ao momento. 
Exemplo: quando é apresentado à criança um cavalo ela tenta assimila-lo, a uma figura que já conhece. Ocorre um processo de similaridade entre o cavalo e o cão.
Quando a criança tem capacidade para diferenciar o cavalo do cão, dizemos que ocorreu acomodação. Acomodação é, simplesmente a reestruturação dos esquemas cognitivos que a criança possuía até então. A acomodação resulta, na grande maioria das vezes, da intervenção do adulto ao tentar diferenciar dois objectos que a criança vê e julga iguais. A Criança forma uma nova estrutura cognitiva.
A assimilação explica o crescimento, e a acomodação explica o desenvolvimento e como tal “sem uma não ocorre a outra”. É muito importante o equilíbrio estre estas duas fases (assimilação e acomodação) para que se possa gerar a adaptação intelectual da criança. 



A teoria da equilibração 

Piaget explica o desenvolvimento e a formação do conhecimento a partir de um processo central de equilibração, que considera como sendo o problema central do desenvolvimento. O equilíbrio cognitivo é entendido por Piaget como distinto de um equilíbrio mecânico (que se conserva sem modificação) ou de um equilíbrio termodinâmico (estado de repouso após a destruição das estruturas). O equilíbrio cognitivo é dinâmico, as trocas são capazes de "construir e manter uma ordem funcional e estrutural num sistema aberto". O equilíbrio cognitivo supõe constantes trocas com o meio, porém preservando o sistema.
Esta teoria trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e acomodação, logo é considerado como um mecanismo auto-regulador para assegurar à criança uma interacção eficiente dela com o meio ambiente.
Existem dois factores importantes na teoria da equilibração:
- Todo o esquema de assimilação tende a alimentar-se
- Todo o esquema de assimilação é obrigado a acomodar-se aos elementos que assimila
Se uma pessoa só assimilasse estímulos acabaria com poucos esquemas cognitivos e aí seria incapaz de detectar diferenças nas coisas.

Existem três formas básicas de equilibração:
- Equilibração entre a assimilação destes esquemas e a acomodação dos mesmos aos objectos
- Forma que assegura as interacções entre os esquemas
- Forma que assegura as interacções entre os esquemas e a totalidade