Estágios do Desenvolvimento Cognitivo


Jean Piaget foi um epistemólogo suíço, considerado um dos mais importantes pensadores do século XX. Ao longo da sua vida estudou o desenvolvimento cognitivo da criança concluindo que a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo, por estádios ou etapas constantes e sequenciais, ou seja, de ordem invariável. 

Os estágios de Desenvolvimento Cognitivo de Piaget, dividem-se em:

1. Sensório-motor (0-2 anos);
O bebé começa a construir esquemas de acção para assimilar mentalmente o meio a partir de reflexos neurológicos básicos. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela acção.

2. Pré-operatório (2-7 anos);
A criança deste estágio: 
É egocêntrica não se conseguindo colocar abstractamente na posição do outro. Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação.

3. Período das operações concretas (7-11 anos);
A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem e casualidade. É capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstracção.

4. Período das Operações formais (12 anos em diante);
A representação agora permite a abstracção total. A criança já não se limita à representação imediata nem apenas às relações previamente existentes, sendo capaz de pensar em todas as relações possíveis, procurando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.



Assimilação e Acomodação 

Assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um novo dado perceptual, motor ou conceptual nas estruturas cognitivas prévias.
Quando a criança tem novas experiencias, ela tenta adaptar esses novos estímulos as estruturas cognitivas que já possui. A criança tenta sempre, inconscientemente associar os novos estímulos aqueles que possui até ao momento. 
Exemplo: quando é apresentado à criança um cavalo ela tenta assimila-lo, a uma figura que já conhece. Ocorre um processo de similaridade entre o cavalo e o cão.
Quando a criança tem capacidade para diferenciar o cavalo do cão, dizemos que ocorreu acomodação. Acomodação é, simplesmente a reestruturação dos esquemas cognitivos que a criança possuía até então. A acomodação resulta, na grande maioria das vezes, da intervenção do adulto ao tentar diferenciar dois objectos que a criança vê e julga iguais. A Criança forma uma nova estrutura cognitiva.
A assimilação explica o crescimento, e a acomodação explica o desenvolvimento e como tal “sem uma não ocorre a outra”. É muito importante o equilíbrio estre estas duas fases (assimilação e acomodação) para que se possa gerar a adaptação intelectual da criança. 



A teoria da equilibração 

Piaget explica o desenvolvimento e a formação do conhecimento a partir de um processo central de equilibração, que considera como sendo o problema central do desenvolvimento. O equilíbrio cognitivo é entendido por Piaget como distinto de um equilíbrio mecânico (que se conserva sem modificação) ou de um equilíbrio termodinâmico (estado de repouso após a destruição das estruturas). O equilíbrio cognitivo é dinâmico, as trocas são capazes de "construir e manter uma ordem funcional e estrutural num sistema aberto". O equilíbrio cognitivo supõe constantes trocas com o meio, porém preservando o sistema.
Esta teoria trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e acomodação, logo é considerado como um mecanismo auto-regulador para assegurar à criança uma interacção eficiente dela com o meio ambiente.
Existem dois factores importantes na teoria da equilibração:
- Todo o esquema de assimilação tende a alimentar-se
- Todo o esquema de assimilação é obrigado a acomodar-se aos elementos que assimila
Se uma pessoa só assimilasse estímulos acabaria com poucos esquemas cognitivos e aí seria incapaz de detectar diferenças nas coisas.

Existem três formas básicas de equilibração:
- Equilibração entre a assimilação destes esquemas e a acomodação dos mesmos aos objectos
- Forma que assegura as interacções entre os esquemas
- Forma que assegura as interacções entre os esquemas e a totalidade

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